Para a matéria Redação Jornalística II com a profª Mônica Celestino
Thiago, estudante de
arquitetura, nunca pensou que a química, matéria que odiava na escola,
atrapalharia tanto sua vida. Morador da orla de Salvador há 4 anos, conta que
tem enfrentado mais problemas por conta do salitre em Salvador, do que se
estivesse morando em São Paulo, sua cidade natal. Foram fontes, coolers,
memória, placa-mãe, placa de vídeo, praticamente um PC inteiro trocado em tempo
recorde, levando em conta a qualidade do material.
Quarto de Thiago |
O salitre, ou mais comumente
conhecido como maresia, “é composto por
água e pelos sais dissolvidos na água do mar, por exemplo: NaCl, KNO3, BaCl2,
KCl, CaCl2 e etc”, como explica o Químico Rogério Silva. “Com a evaporação da
água do mar, os íons do salitre encontram os metais dos componentes eletrônicos
(maioria das vezes cobre, ferro e alumínio) causando assim a corrosão”, conta,
“causando
danos não só no cobre dos circuitos, como em outros metais presentes”.
A aposentada
Maria Angélica sofre com as mesmas queixas de Thiago. Também moradora da orla, é
obrigada a trocar os eletrodomésticos com grande frequência. “Já
perdi geladeira, microondas, televisão, ventilador e até computador”, conta a
aposentada. E como não conhece outros meios de proteção, usa de panos e capas
para cobrir os eletrônicos da casa. E logo quando começam as avarias, chama um
técnico já conhecido da família, que na maior parte das vezes prescreve a “perda
total” do material devido à corrosão do salitre. “Acho até que essa maresia
toda prejudica nossa saúde”, afirma Angélica.
Antônio Melo é técnico em
eletrônica especialista em salitre há 14 anos, conta que 60% dos problemas
relatados, estão associados ao problema da corrosão pelo salitre em seus
aparelhos eletrônicos. Ele dá orientações aos usuários para que possam usufruir
de seus equipamentos por mais tempo “orientamos que cubram sempre o aparelho,
que os deixem sempre em stand-by e se o cliente for corajoso, romper o lacre da
garantia e aplicar produtos anti-ferrugem, que são vendidos em qualquer lugar”
conta o técnico.
Para a tristeza da maioria
dos clientes, a garantia de eletroeletrônicos não se estende aos danos causados
pela corrosão por maresia nos componentes. Por isso, quando o aparelho é levado
a alguma loja autorizada pelo fabricante, na maior parte das vezes, já é
considerado “perda total”, e fica a critério do cliente levar a outro técnico
especializado para tentar um conserto a partir da troca de alguma peça corroída,
mas, nesse caso, não há responsabilidade do fabricante.
Em relação a uma questão de
saúde levantada pela aposentada Maria Angélica, o Químico Rogério Silva
acredita não existir relação direta do salitre com danos à saúde, “a não ser
que a pessoa já apresente problemas respiratórios”, afirma Rogério. “Existem inclusive
estudos que tentam provar que a maresia pode amenizar a ação da poluição nas
grandes capitais, mas nada que tenha resultado comprovado ainda” comenta.